sábado, julho 31, 2010

Summer session experiense

Acordo, abro a janela, o calor apodera-se de mim, vento de serra, lestada na gíria surfista. O dia prometia, e com o tempo assim, avizinhavam-se boas ondas.
Já com muita ansiedade visualizámos o mar, e com o espanto já preparado pudemos verificar o quão poderoso estava o pico. Á muito que não se via ondas assim. Apressados, pegamos no material rápido nos dirigimos para a frente marítima, como se fossemos crianças em busca de um doce. O coração palpitava de tanta vontade de deslizar naquelas paredes tão perfeitas. O mar estava vidrado, não havia linhas provocadas pelo vento e a onda corria certinha.
Não estava ninguém na água aquela hora, talvez por ninguém estar à espera de clima tão tropical como o que víamos.
Nunca tinha visto algo tão perfeito na zona.
Aquecemos e logo nos pusemos a remar para fora do pico. Ainda sem recuperar o fôlego vejo o meu colega apanhar a onda perfeita que suavemente rebentava atrás dele, e logo sucessivamente todos nós apanhámos também. Momento de êxtase e de libertação de ansiedade, o desejo tinha sido cumprido. Meia hora depois da nossa entrada na água, começavam a chegar os primeiros apaixonados, tal como nós, procurando a invejável onda. Estávamos tão estupefactos com tal fenómeno aquático, que nos mantivemos ali todos, a apanhar onda após onda, durante 3 horas. Os braços já não aguentavam mais uma remada e assim que a maré parou, cai com ela a onda que prometia voltar ao fim da tarde.
Já muito mais frescos e extremamente cansados, saímos da água de arrasto. Tinha sido das melhores sessões aquáticas alguma vez feitas por nós. Vencidos pelo cansaço, prometemos voltar.
Por sinal o pico manteve-se todo o dia, apesar da maré, mas com menos força.
Recordámos aquelas ondas fantásticas toda a tarde, onde merecidamente tivemos o nosso descanso. Assim que voltou a meia- maré, voltou de novo a ansiedade de mais uns deslizes. Com pena pudemos nos aperceber que a brisa de norte que levantou à tarde, tinha destruído a força daquele pico perfeito, surfado de manhã.
Decidimos apanhar umas ondas para satisfazer o ego. Numa sessão muito mais tranquila ao por do sol, foi possível perceber a magia daquele dia e daquele mar, que nos proporcionou ansiedade, alegria, dor, sofrimento em benefício próprio, satisfação e relaxamento físico e espiritual, que ficou marcado na memória. Um dia que seria igual a tantos outros, com a mesma rotina, tornou-se num momento único.
Ana Costa
Torreira

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